segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

° Interação de Natal °

\o/ Leitores do Blog... Eu voltei! *-*

Pois é, tanto tempo passou, mais é a vida de um blogueiro que não vive apenas para o blog. :S' Os primeiros 6 Meses do ano, até que deu para manter viva a chama do O Fichário, mais depois das ferias de Julho, a coisa ficou preta, não tinha mais tempo pra nada, e por isso infelizmente, o blog deu uma freada nas postagens... =/'

Mas, agora de ferias, o blogueiro voltou a ter tempo e um novo projeto foi lançado, o Interação de Natal.

Era como vocês devem perceber, para ter sido no decorrer da semana antes do Natal, mais por problemas de comunicação, atrasou tudo e só hoje estou postagem a minha parte da Interação!

Antes de mais nada, em que consiste esta interação?

Esta interação foi proposta para três blog, que são: Jornal da Mana, Cantinho de uma Garota e Meninas Lol.

Cada um das respectivas donas, fez um conto de Natal, e no decorrer da semana Pré-Natal publicaríamos sucessivamente os contos de cada uma! O primeiro é da dona do Meninas Lol a Marcelle.

Ficou ótimo!





Um Conto de Natal

A neve caía lá fora, branca e suave, enquanto eu olhava pela janela. O dia estava bem frio, e era fim de tarde, eu estava sentada com uma xícara fumegante de café. A televisão estava ligada, eu ouvia todos os estabelecimentos fechando. Torcia para que o shopping também fechasse, para poder ficar desfrutando dessa paz e tranquilidade.


Estava perto da época do Natal e todas as casas estavam enfeitadas. Eu havia pendurado apenas uma guirlanda na porta, e tinha uma árvore na parte de dentro da casa. Os shoppings estavam lotados de gente fazendo compras de Natal, enquanto outros tentavam garantir um dinheiro extra. Esse era meu caso, e era por isso que eu queria desesperadamente que o shopping fechasse. Por ironia do destino, eu, uma descrente completa e odiadora de datas comerciais e frívolas como o Natal, estava trabalhando como ajudante do Papai Noel. Nem preciso dizer o quanto isso é degradante, mas tem coisas que temos que fazer para pagar as contas. É o preço que pagamos por querer viver de sonhos. Meu sonho? Ser escritora. O preço? Passar horas com uma roupa curta, um sorriso falso, e rodeada por crianças. Eu sei que disse que já era fim de tarde, mas é que à noite haveria A Noite do Papai Noel no Blender’s Shopping e, é claro, eu iria participar.


Às vezes, eu me pergunto o que teria acontecido se eu tivesse desistido de viver de sonhos e trabalhasse numa empresa. Com certeza, eu não trabalharia como ajudante. Com certeza eu não seria feliz, mas considerando que esse meu trabalho temporário não me deixa nem um pouco feliz, talvez a equação não seja tão ruim assim. Agora já está feito, e eu não posso voltar atrás. Eu tive minha chance, e não quis. Eu tenho que encarar os fatos, essa é a minha realidade agora. Talvez eu nunca desse certo lá mesmo. Eu não sou uma mulher de negócios. Mas, whatever, agora eu tenho que aceitar as consequências e ir para o meu emprego de ajudante de Papai Noel.


Sim, o shopping não fechou. Eu não sei por que tive esperança. Shoppings nunca fecham com nevascas. Nunca com “N” maiúsculo. Porque é o que acontece com o mundo: escolas podem fechar, mas shoppings, não. Ninguém liga pra educação, mas ninguém quer ficar sem suas compras. As pessoas são umas hipócritas. Eu sou uma hipócrita. Porque eu estou trabalhando em algo que eu simplesmente detesto só pra ganhar dinheiro. Talvez eu fosse mais digna sendo prostituta, pois sexo não é uma coisa que eu odeio. Claro que é horrível fazer por dinheiro, mas eu não tenho muitas opções, tenho? Não, e é por isso que eu tenho  que me arrumar agora para ir pro shopping.


Você deve estar se perguntando por que eu odeio o Natal, não é? Eu estou acostumada, sempre que eu digo que odeio o Natal as pessoas me olham preocupadas, como se dissessem: ”O que há de errado com ela?”, e às vezes fazem uma cara de pena de “Ah, coitadinha dela!”. É impressionante. Têm pessoas que não gostam de Carnaval, Festa Junina ou Halloween, mas quando eu digo que não gosto de Natal, as pessoas têm uma reação totalmente negativa. Por que eu não posso não gostar de Natal? Bem, eu não gosto de Natal porque as pessoas encaram isso de uma forma completamente errada. Quer dizer, o Natal é o nascimento de Jesus, e não um dia em que as famílias têm que fingir que se suportam, ou um dia de comilanças. O que me leva a pensar em mais uma coisa: e se Jesus não existiu? Porque nós não temos certeza da existência dele, né? Então, nós estaríamos celebrando uma data para seres inexistentes e, então, a data seria totalmente falsa e inexistente também. É algo a se pensar... Mas para vocês que têm tempo, porque agora, eu estou colocando a minha roupa para trabalhar.


O meu “uniforme” de ajudante do Papai Noel consiste numa blusa de manga ¾ vermelha, com parte da manga, colarinho, uma linha no meio da blusa em pelúcia branca e uma saia vermelha curta com a barra branca, tudo naquele material de roupa de Papai Noel. Era bem capaz de eu morrer de hipotermia! E eles nem se importam, porque seria feio uma ajudante do Noel de calças, e, aparentementenylon, que me aquece enquanto não começa a minha jornada de trabalho. Peguei minha bolsa e fui embora. Cara, não vai ser fácil pegar o metrô com esse frio! Toda vez que pego o metrô vestida assim, ouço cantadas e piadinhas, mas é o meio de transporte mais rápido e que está sempre andando, independente do horário. Além disso, como é subterrâneo, as pessoas não me veem com essa roupa humilhante. Sempre que me visto assim, me sinto como a Lindsay Lohan em Meninas Malvadas. É sério, é muito parecida a roupa, só que a blusa delas é mais curta e de alcinha. Sorte nossa que, ao menos, tem um pouco de manga, senão eu juro que morreria. Tudo bem que o shopping é climatizado, lá não tem ar. Mas bem que podia ter um aquecedor, né? Se bem que aquilo, mesmo quando está ligado, não faz muita diferença. O meu consolo é saber que, no decorrer das horas, o meu corpo vai se aquecer, porque trabalhar com crianças não é mole, eu canso bastante. Ah é, também tem um par de luvas pretas e o gorro de Natal! Se fosse no Brasil tudo bem, porque a gente sabe o quanto lá é quente nessa época do ano, mas aqui em Nova York? Ah, não.


O que eu estava falando mesmo? Ah é, porque eu não gosto de Natal. É que é uma data totalmente falsa, tipo, os pais mentindo pras crianças sobre o Papai Noel, e também é a única época do ano em que as famílias se aproximam. Tudo bem que aqui nos Estados Unidos tem o Dia de Ação de Graças, mas no resto do mundo é só o Natal e o Ano Novo, e eu acho que as famílias deveriam ficar juntas sempre, e não só no final de ano. Quando eu era mais nova, já pensava assim, já não gostava de como o Natal era encarado. Meu sonho era ir pra Nova York e ver a neve, e agora que estou aqui, nesse lugar em que era pro Natal ser mágico, eu estou morrendo de raiva nessa data.


Enquanto ando até o metrô, observo as famílias, as crianças brincando, fazendo bonecos de neve, anjos de neve. Eu queria fazer algum. Talvez fazer guerra de neve. Mas agora eu tenho que ir trabalhar e, quando voltar, vou estar com tanto frio que não vou conseguir nem pensar em neve. Entrei no metrô, e, quando ele começou a andar, eu comecei a me preparar psicologicamente para o meu trabalho. Como eu previa, os homens ao redor faziam piadinhas. Eu nem ligava. Já estava acostumada. Cheguei ao shopping e fui andando até o saguão, onde já estavam o Papai Noel e algumas das ajudantes. Logo, muitas crianças começaram a chegar. Todos queriam ver a Noite do Papai Noel, que nada mais era do que a entrada triunfal do bom velhinho. O coordenador foi dando os últimos detalhes, enquanto nós fomos esperar em um local. Depois de algum tempo de uma narração chata, o Papai e a Mamãe Noel (em trajes bem maiores que os das ajudantes) e os ajudantes do Papai Noel, entraram em um trenó, puxado por renas de verdade. Senti-me num daqueles desfiles de escola, tipo uma parada. Nós tínhamos que ficar acenando e sorrindo, de pé. Depois vieram uns duendes retardados. Eu não via a hora daquele showzinho terminar. E o que vinha depois? Humilhação atrás de humilhação. Primeiro, cantamos umas músicas de Natal e, depois, o gran finale: dançando “Jingle Bell Rock”, numa imitação terrível de Meninas Malvadas. Sim, tudo que nós fazemos é ridiculamente inspirado nesse filme.


— São um saco esses shows de Natal, né? — disse um gato, parado ao meu lado. Em inglês, claro.

— Sim, são sim — eu respondi, sorrindo.

— Você tem planos pro Natal?

— Pro Natal? Você não tem família?

— Tenho, mas digamos que não me querem por perto. E você?

— Minha família está no Brasil.

— Vá às oito nesse endereço — disse, entregando-me um cartão.

— Está bem — eu disse, sorrindo. Será? Bem, eu não tenho nada pra fazer mesmo. Fui embora, pensando como era engraçado ter um encontro no Natal. São as ironias da vida. 

----- X -----

Este foi o conto, da Marcelle.
O meu também foi publicado no blog dela, passa lá e ler, ele também ficou muito bom! :D'
Para ver meu conto, clique AQUI

Até a Proxima pessoal!
OFicheiro 





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Atenção - Serão deletados comentários que não estiverem de acordo com os Termos de Uso do blog.